Tudo flui, nada permanece, refletiu Heráclito. Assim como não seria possível para alguém banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque nem as águas e nem ele próprio seriam os mesmos, assim não é possível passar duas vezes por uma mesma escada. A arquitetura fica, mas o contexto muda a todo instante. Nestes degraus, subiu a estudante de ensino médio, que caminhava pelos corredores vazios da Escola, num final de semana, desejando um dia estudar ali. Galgou estes lances, depois, a universitária, local tão marcante para a turma de faculdade que até figurou no convite de formatura. Em tempos pré-celular, a escada era ponto de encontro. Seus degraus, palco para a espera, descanso e boas conversas. Esta mesma escada estampa, também, a imagem do grupo Arquitetos e Amigos em mensageiros e fóruns de e-mails. Alguns de nós ainda se encontram anualmente para relembrar os andares vencidos, os tombos escada abaixo e os muitos degraus que ainda faltam percorrer. Caminhou nesta escada a pós-graduanda e, por fim, a professora, que hoje nesta exposição on-line à casa retorna, trazendo consigo o retrato de uma travessia que ainda não terminou. https://expo2019.webmuseu.org/portfolio/exposicao-escola-de-arquitetura/
Legenda Contextualizada
Fundada em 1930, a Escola de Arquitetura de Minas Gerais (hoje Escola de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFMG) consistiu na primeira faculdade de Arquitetura da América do Sul a se estruturar de forma independente, desvinculada das escolas de Belas Artes, politécnicas ou filosofia. Sua edificação central foi construída meados do século passado, dentro dos princípios do Modernismo. Foi tombada pelo município de Belo Horizonte, habitando um dos bairros mais tradicionais e vivos da capital mineira, o Funcionários, região conhecida como Savassi.
Legenda #PraCegoVer
Uma escada monumental e curva, na penumbra, em primeiro plano. Ao seu lado, uma réplica em gesso de uma estátua de profeta do mestre Aleijadinho. Ao fundo, um grande hall com piso de mármore, janelas iluminadas ao longo de toda a sua extensão, com raios de sol realizando desenhos no chão. Acima da escada, um mezanino em formato curvo e um painel pintado, retratando trabalhadores em uma construção. Através da janela, na paisagem exterior, casas e carros antigos, um jardim e uma árvore. Imagem em preto e branco.
Curadoria
Disciplina Bibliotecas Arquivos e Museus Digitais - Museologia UFMG 2019
Priscilla Tôrres
25/11/2019 em 22:18.
Belíssima!